Dom Rodrigo

O bolo Dom Rodrigo é uma joia da doçaria algarvia, facilmente reconhecível pelo seu embrulho piramidal de papel metalizado colorido.

A Lenda e História do Dom Rodrigo

O Dom Rodrigo é um dos embaixadores da gastronomia do Algarve, reconhecido pelo seu distinto embrulho piramidal de papel metalizado em cores vivas como amarelo, azul, verde ou vermelho. Ao desembrulhar, revela-se um pequeno doce elegante: um novelo húmido de fios de ovos numa bolinha de calda de açúcar, gemas de ovo e amêndoa ralada no interior. Este preparado é envolto em fios de ovos e, posteriormente, “frito” em calda de açúcar, conferindo-lhe uma textura e sabor tostado, finalizado com uma pitada de canela e açúcar antes de ser embrulhado no papel colorido. Claro que um bolo tão difundido tem mais do que forma de preparação e foi sofrendo inumeros aperfeiçoamentos, as receitas são assim vivas.

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As Origens Conventuais e as Lendas

A origem do Dom Rodrigo está envolta em suposições e histórias que dificilmente podem ser comprovadas. 

Uma narrativa popular em Lagos sugere que o doce foi criado pelas freiras do Convento de Nossa Senhora do Carmo em homenagem ao governador D. Rodrigo António Noronha e Menezes, após a reconstrução do convento destruído pelo terremoto de 1755.  ver

Outra versão afirma que o doce foi criado em Tavira, onde D. Rodrigo se instalou após o terremoto, pelas freiras do Convento de São Bernardo. Embora ambas as histórias sejam difíceis de confirmar, elas adicionam um charme místico à origem do doce.

A doçaria do Algarve tem maioritariamente um sentimento e génese popular e o Dom Rodrigo é um doce que se apresenta como sendo de doçaria conventual.

O trabalho de pesquisa e afirmação realizado pelo municipio do Lagos coloca atualmente este municipio como o centro deste doce.

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A Popularidade e o Reconhecimento Regional

Independentemente de sua origem exata, o Dom Rodrigo é amplamente reconhecido como uma parte integral da doçaria regional algarvia. 

Em 1918, Tomás Cabreira já mencionava o doce sem associá-lo a uma localidade específica, destacando sua importância regional. Na década de 1970, Horácio Marçal reforçou essa ideia, confirmando que o Dom Rodrigo pertence a todo o Algarve. 

Nós na Doçaria do Sul encontramos também este doce por várias doceiras da região, eram muito aclamados os Dom Rodrigos de uma doceira de Monchique e na zona de campo entre Silves e o Algoz a receita tem especificidades diferentes.

Cristina Castro reforça a ideia de que se o D. Rodrigo está ligado a lados há mais de um século, é igualmente antigo o facto de que pertence a todo Algarve.

José António Martins no livro Dom Rodrigo: o mais famoso doce do Algarve: tradição, história, receitas apresenta a casa Talequim em Lagos como o grande impulsionador comercial do Dom Rodrigo. 

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Apresentação

O bolo Dom Rodrigo nem sempre teve a apresentação em papel de prata colorido.

Segundo o site  Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001 podiam ser apresentados como rebuçados:

“Antigamente usava-se papel de seda e as pontas eram atadas com fitinhas de cor. Por vezes, ainda hoje se encontra este modo de embalar.”

E no livro Dom Rodrigo, o mais famoso doce do Algarve (https://bibliografia.bnportugal.gov.pt/bnp/bnp.exe/registo?2124374)

é referida uma apresentação em taças de porcelana ou vidro semelhante ao doce Farófias.

Ingredientes e Processo de Confeção

Os ingredientes principais do Dom Rodrigo incluem amêndoa ralada, fios de ovos, ovos-moles, água, açúcar e canela. 

A preparação envolve misturar amêndoa ralada com gemas de ovo e açúcar, formando uma bolinha que é envolta em fios de ovos e frita em calda de açúcar.

Reconhecimento e Preservação

O Dom Rodrigo tem sido uma presença constante em eventos culturais, como a Arte Doce, organizada anualmente pela Câmara Municipal de Lagos. Em 2019, um Dom Rodrigo gigante, pesando 125,4 kg, foi criado e certificado pelo Guinness World Records, destacando a importância cultural e histórica deste doce. 

A Câmara Municipal de Lagos tem empreendido esforços para certificar o doce, garantindo sua preservação e autenticidade, semelhante ao que foi feito com os Ovos Moles de Aveiro e os Pastéis de Tentúgal.

Conclusão

Com suas raízes históricas, sabor inconfundível e apresentação distintiva, ele continua a ser uma iguaria apreciada tanto por locais quanto por visitantes. Permanece como um tesouro da doçaria algarvia, preservando a essência da culinária conventual portuguesa. O Dom Rodrigo é um doce que encapsula a rica tradição e herança cultural do Algarve.

Outros nomes para Dom Rodrigo

Bolos de D. Rodrigo

Dom Rodrigos


Receita Dom Rodrigos do Algarve

Ingredientes:
(6 doces)

  • 250 grs de fios de ovos
  • 50 grs de miolo de amêndoa ralada
  • 250 grs de açúcar
  • meio dl de água
  • 4 gemas
  • canela q.b.

Confecção:

Escaldam-se

Num tacho coloque 200 grs de açúcar coberto de água e leve ao lume até formar ponto de pérola (1).
Retire do lume e misture a amêndoa. Deixe que fique morno, junte as gemas e leve novamente ao lume, mexendo até engrossar. Polvilhe com um pouco de canela.
Com o restante açúcar e água faça uma calda em ponto de fio.
Numa frigideira coloca-se a calda e leva-se ao lume. Quando ferver, deitam-se os fios de ovos e, sobre estes, mistura feita anteriormente com o açúcar, amêndoa e as gemas.
Com a ajuda de duas espátulas, enrolam-se os fios de ovos em torno do recheio, envolvendo-o completamente.
Deixe alourar e retire da frigideira.
Corte 6 quadrados de folha de estanho prateado ou colorido.
Separe a preparação em quantidades iguais pelos 6 quadrados de estanho, una as quatro pontas de cada quadrado e enrole-as.

(1) Encontra-se este ponto juntando-se o açúcar a a água e deixando ferver 2 minutos.

fonte: Região de Turismo do Algarve através do site https://www.portugal.gastronomias.com/algarve010.html


Bibliografia
  • CASTRO, Cristina (2017). A doçaria portuguesa: Sul. [S.l.]: Ficta. 250 páginas. ISBN 978-989-99714-1-7
  • MARTINS, José António (2019). Dom Rodrigo: o mais famoso doce do Algarve: tradição, história, receitas. Albufeira e Lagos: Arandis e Câmara Municipal de Lagos. 100 páginas. ISBN 978-989-8769-98-5

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